terça-feira, 23 de junho de 2015

Melody é cultura do Pará. E só de lá!



Assumir preconceitos é osso, principalmente em uma sociedade tão marcada pela intolerância. Entretanto, todo mundo traz um pouco em si, de acordo com suas vivências e experiências de vida. Confesso: Sou intransigente quando o assunto é música. Sei que é politicamente errado julgar as pessoas e suas preferências. Ok. Mas daí a concordar com a disseminação de enlatado de mau gosto na cultura amapaense é demais.

Vamos por partes. Em nosso Estado, há uma boa mídia auditiva para o ‘Tecno Brega’, o tal “Melody”. A ‘musicalidade’ deste som é de gosto duvidoso e foi importada, como várias outras coisas, do Pará. Afinal, já fomos parte daquele Estado (ainda “Grão”). É uma pena que, em alguns lugares do Amapá, faça mais sucesso do que a Música Popular Amapaense (MPA) ou o Marabaixo, que são genuínas da nossa cultura.


Hoje soube que querem tornar o melody patrimônio imaterial do Amapá. O Melody, cara!? Novamente, é a nossa identidade enquanto Estado jogada no lixo.

Ah, sobre conceito de patrimônio imaterial, entenda: “Patrimônio cultural imaterial (ou patrimônio cultural intangível) são as expressões culturais e as tradições de um povo ou uma região, herança da ancestralidade e tesouro para as gerações futuras. São costumes e saberes enraizados no cotidiano das comunidades e vinculado ao seu TERRITÒRIO e às suas condições materiais de existência, o patrimônio imaterial é transmitido de geração em geração e constantemente recriado e apropriado por indivíduos e grupos sociais como importantes elementos de sua identidade”. Sacou?

É importante que nossas autoridades não percam a noção do que é cultura legitimamente Amapaense, e que busquem incentivar nossa cultura e identidade, de fato. Melody é um som empobrecido, sem vinculação histórica com a nossa formação e sinceramente seria uma deformação cultural vinculá-la à nossa memória.

Bom mesmo é ouvir as rimas dos ladrões de Marabaixo (versos improvisados) que possuem criatividade e contam para nós quem somos, AMAPAENSES. É nossa história contada e cantada por quem a vivencia e faz questão de reconhecer e valorizar a nossa luta histórica para nos constituirmos como ESTADO.

Enfim, essa ideia é, no mínimo, ridícula. Algo pior do que mudar o nome do Teatro das Bacabeiras. Estes tipos de ‘projeto’ preocupam pela ausência (pelo visto, evidente) de respeito à nossa formação histórica. E não se trata de bairrismo, mas sim de discernir, preservar e valorizar o que é nosso, de fato. É isso!
Por: Blog de Rocha:  Elton Tavares

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