Assumir preconceitos é osso, principalmente em uma sociedade tão
marcada pela intolerância. Entretanto, todo mundo traz um pouco em si, de
acordo com suas vivências e experiências de vida. Confesso: Sou intransigente
quando o assunto é música. Sei que é politicamente errado julgar as pessoas e
suas preferências. Ok. Mas daí a concordar com a disseminação de enlatado de
mau gosto na cultura amapaense é demais.
Vamos por partes. Em nosso Estado, há
uma boa mídia auditiva para o ‘Tecno Brega’, o tal “Melody”. A ‘musicalidade’
deste som é de gosto duvidoso e foi importada, como várias outras coisas, do
Pará. Afinal, já fomos parte daquele Estado (ainda “Grão”). É uma pena que, em
alguns lugares do Amapá, faça mais sucesso do que a Música Popular Amapaense
(MPA) ou o Marabaixo, que são genuínas da nossa cultura.
Hoje soube que querem tornar o melody
patrimônio imaterial do Amapá. O Melody, cara!? Novamente, é a nossa identidade
enquanto Estado jogada no lixo.
Ah, sobre conceito de patrimônio
imaterial, entenda: “Patrimônio cultural imaterial (ou patrimônio cultural
intangível) são as expressões culturais e as tradições de um povo ou uma
região, herança da ancestralidade e tesouro para as gerações futuras. São costumes
e saberes enraizados no cotidiano das comunidades e vinculado ao seu TERRITÒRIO
e às suas condições materiais de existência, o patrimônio imaterial é
transmitido de geração em geração e constantemente recriado e apropriado por
indivíduos e grupos sociais como importantes elementos de sua identidade”.
Sacou?
É importante que nossas autoridades
não percam a noção do que é cultura legitimamente Amapaense, e que busquem
incentivar nossa cultura e identidade, de fato. Melody é um som empobrecido,
sem vinculação histórica com a nossa formação e sinceramente seria uma
deformação cultural vinculá-la à nossa memória.
Bom mesmo é ouvir as rimas dos
ladrões de Marabaixo (versos improvisados) que possuem criatividade e contam
para nós quem somos, AMAPAENSES. É nossa história contada e cantada por quem a
vivencia e faz questão de reconhecer e valorizar a nossa luta histórica para
nos constituirmos como ESTADO.
Enfim, essa ideia é, no mínimo,
ridícula. Algo pior do que mudar o nome do Teatro das Bacabeiras. Estes tipos
de ‘projeto’ preocupam pela ausência (pelo visto, evidente) de respeito à nossa
formação histórica. E não se trata de bairrismo, mas sim de discernir,
preservar e valorizar o que é nosso, de fato. É isso!
Por: Blog de Rocha: Elton Tavares
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