Existem
indícios de que a humanidade convive com cálculos urinários, também conhecidos
como cálculos renais ou pedras nos rins, desde a antiguidade. Mas hábitos
alimentares incorretos têm tornado o problema cada vez mais frequente na
população.
"A
quantidade de pessoas com cálculos renais vem aumentando ao longo dos anos,
chegando a afetar 1 em cada 11 pessoas", explica Alexandre Danilovic,
urologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
(Universidade de São Paulo).
Os maiores
vilões, segundo ele, são os alimentos calóricos e com excesso de sal, além da
baixa ingestão de líquido e falta de exercícios físicos. Ficar sem se hidratar
é arriscado para quem tem casos de pedras nos rins na família ou já enfrentou o
problema: "Um estudo mostrou que se a população francesa consumisse 2
litros de água por dia por pessoa, o gasto com tratamento de problemas
relacionados a pedras nos rins cairia pela metade", conta Danilovic. Mas saiba que consumir quantidade absurdas de líquido também não é bom.
Minerais
"Os
cálculos são minerais formados na urina com tamanhos que variam de milímetros
até preencher todo o interior do rim, quando são chamados de coraliformes (pois
têm formato que lembra o de um coral)", descreve o médico.
São vários
os elementos minerais que podem se acumular nos rins para formar uma pedra, mas
80% dos cálculos são de cálcio. Isso significa que é preciso diminuir o consumo
de lácteos, por exemplo? Nada disso. "Na verdade, uma dieta equilibrada em
cálcio e com pouco sal é mais eficaz em prevenir cálculos de cálcio do que uma
dieta pobre no mineral", comenta o urologista. Ou seja: a melhor
medida de prevenção é evitar salgadinhos, congelados e molhos prontos.
Os
cálculos renais também podem ser resultado do acúmulo de ácido úrico ou de
infecções frequentes. Ou, ainda, podem ser consequências de algumas doenças
hereditárias raras.
Exames de
urina e também de sangue podem apontar as causas específicas da formação de
cálculos e assim ajudar na prevenção. "O tratamento preventivo reduz em
50% a chance de um novo cálculo", avisa Danilovic.
Relatos antigos
Há
referências da presença de cálculos em múmias do Antigo Egito, mas os escritos
mais antigos sobre o tema de que se tem notícia são de Hipócrates. O chamado
"pai da medicina", que viveu na Grécia Antiga, formulou uma teoria
sobre a formação de cálculos e escreveu sobre o exame de urina para auxiliar no
diagnóstico.
"Hipócrates
instruiu que médicos generalistas deveriam deixar o tratamento cirúrgico de
cálculos para aqueles dedicados a isso", diz Danilovic.
Em geral,
cálculos de até 4 mm têm 90% de chance de eliminação espontânea com o consumo
aumentado de líquidos. Mas se as pedras crescerem muito ou estiverem em uma
região do ureter (canal que liga os rins à bexiga) que obstrui a passagem da
urina, é preciso intervir.
Quando os
cálculos bloqueiam as vias urinárias, a urina reflui para os tubos do interior
do rim, produzindo uma pressão que pode dilatar o órgão e até lesioná-lo. A dor
que isso provoca é tão forte que pode vir acompanhada de náuseas e vômitos - só
quem teve sabe.
"Atualmente,
as cirurgias endoscópicas (através das vias urinárias) são as mais indicadas.
Quando a pedra está no rim, pode-se usar um aparelho flexível com microcâmera
para pulverizar a pedra com laser. Esse tratamento é mais eficaz que usar
máquinas de litotripsia extracorpórea", opina o médico.
Fonte: uol.com.br
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